Comunicação

11 de September de 2014 | 19:51

Ideb de 3,8, o que temos a comemorar?

A divulgação dos índices do Ideb referentes aos dois últimos anos causou alvoroço na esfera governamental, porque Goiás ficou em primeiro lugar no ranking nacional do ensino médio, com nota 3,8. Como presidenta do Sindicato dos Trabalhadores em Educação de Goiás, parabenizo os educadores que, a despeito da falta de políticas de valorização salarial e de promoção profissional, não fugiram à responsabilidade e nem fizeram do descaso oficial um empecilho para o envolvimento e a dedicação ao ensino. Mas, devemos mesmo comemorar?

Como pedagoga, vejo com grande preocupação todo o oba-oba que estão fazendo em cima desse resultado, visto que o índice de 3,8 é o mesmo alcançado pelo Estado na avaliação de 2011. Ou seja, nada mudou. Aliás, é pior, pois o primeiro lugar não se deve à melhoria do ensino, investimentos, projetos e gestão planejada, como alardeia o governo, mas à queda de outros estados, como Santa Catarina e São Paulo, por exemplo.

Mais preocupante ainda é que, ao comemorar, esquece-se a pressão sobre os educadores, que passaram os últimos quatro anos visando à melhoria da nota do Ideb, em detrimento do aprendizado, como mostrou reportagem publicada no jornal O Popular, no dia 13 de maio de 2013, e na TV Anhanguera/Rede Globo, no dia 25, e trouxe a público a história de um grupo de garotas que foram transferidas compulsoriamente das escolas estaduais onde estudavam por baixa frequência ou notas baixas. Como se sabe, um dos pontos avaliados pelo Ideb é justamente o desempenho dos alunos, logo, se as notas são baixas, comprometem a avaliação e, nesses casos, a opção adotada pela secretaria foi a transferência para não comprometer a nota da escola. Fato contraditório, pois outro ponto de análise é justamente o desempenho dos alunos e nota baixa é sinal de baixo desempenho, que, em outros estados, leva à reprovação, mas, contraditoriamente, na rede estadual de educação de Goiás, é proibido reprovar, então...

Voltando ao trabalho dos educadores, esses sim, merecem todas as deferências que o resultado possa despertar, pois passaram os últimos quatro anos sob intensa pressão e improvisos, pois não existe um Planejamento Político Pedagógico consistente para o ensino médio em Goiás. A estrutura física é precária na maioria das escolas. Laboratórios de ciência e informática foram desativados. Bibliotecas não possuem acervo diversificado e não há incentivo à frequência e à leitura. Projetos de estímulo à cultura, à diversidade e à língua estrangeira foram cortados e a evasão escolar é o assunto mais discutido e de maior preocupação nas audiências públicas que estão sendo realizadas para a adequação do Plano Estadual de Educação ao PNE.




Imprimir