Lá se foram os velhos tempos em que a figura do professor era muito importante na sociedade e para a sociedade.
O professor era mestre, cidadão, um profissional respeitado, feliz... até trabalhava de terno e gravata!
Mas o tempo passou tão rápido e essa imagem foi substituída por outra, triste, cansada e tão pouco significativa aos olhos do povo.
Hoje, o professor da escola pública é apenas mais um item na lista do nada: nada de respeito, nada de cidadania, nada de reconhecimento, nada de valorização profissional.
Cidadania é um tema bastante discutido pelos professores nas salas de aula e, muitas vezes, não são tratados como cidadãos.
O professor é como um palhaço: precisa animar a turma, sorrir sempre, mesmo quando por dentro ele chora pela dura realidade que a vida lhe impõe.
Deve atuar como psicólogo e assistente social: conhecer as famílias, o meio onde elas estão inseridas, se inteirar de suas dificuldades para melhor compreender seus alunos e justificar suas atitudes e comportamentos na escola.
Deve ser economista, trabalhar e produzir muito, sem custos para o Estado.
Tem que ser artista, esconder suas decepções, angústias, sorrir e sorrir, fingindo que a vida é feita apenas de flores e caramelos.
Precisa ser mágico: saber, com leveza e inteligência, transformar as dificuldades e a falta de recursos didáticos e tecnológicos em aprendizado.
O pior de tudo é que ele precisa ser robô: programar para ficar doente somente nas suas férias. Não pode se cansar, nem sentir alterações emocionais e deve estar sempre disposto a trabalhar, reproduzindo um sistema político ultrapassado, injusto e desumano.
Se no final o sucesso da turma não for absoluto, vem uma pergunta em coro: "Professor o que você fez para ajudar o seu aluno"?
O ditado popular "errar é humano" não vale para o profissional da Educação. Ele não pode errar, precisa ser modelo, exemplo. Modelo de uma sociedade desigual e exemplo de um povo politicamente fracassado.
Na tentativa de garantir sua sobrevivência, diante da indiscriminada defasagem salarial, o professor precisa enfrentar a sobrecarga de aulas, o que, muitas vezes, resulta em problemas de saúde como: L.E. R, calos nas cordas vocais, estresses, depressão e outros. Chega um momento em que o seu médico lhe recomenda repouso para que, junto com a medicação, garanta melhor eficácia no tratamento. Porém, somente o Estado, através de um médico da Junta Médica, define se ele merece ou não se licenciar para esse fim. Médico este que não conhece o quadro clínico do paciente e, quase sempre, acaba por indeferimento.