Notícias

20 de December de 2018 | 08:53

O rei está nu


"A vaidade e a falta de imparcialidade do juiz que tentou encobrir com os discursos anticorrupção, tornaram-se visíveis”

Em entrevista à revista Veja, em 2017, o juiz Sérgio Moro afirmou: “Não seria apropriado da minha parte postular qualquer espécie de cargo político porque isso poderia, vamos dizer assim, colocar em dúvida a integridade do trabalho que eu fiz até o presente momento”.

Contraditoriamente, logo após as eleições presidenciais, o agora ex-juiz foi anunciado como futuro ministro da Justiça do presidente eleito Jair Bolsonaro. Segundo a imprensa, as conversações com o ex--magistrado para que assumisse o ministério ocorreram durante a campanha eleitoral. Essa atitude demonstra a sua atitude persecutória e um alinhamento com as forças políticas de oposição ao PT e ao ex-presidente Lula.

Moro cumpriu com o objetivo de prender, condenar sem provas e impedir que Lula, que liderava as pesquisas de intenção de votos, fosse candidato a presidente da República. Se isso não bastasse, com a campanha em curso e a candidatura de Fernando Haddad, substituto de Lula como candidato, em ascensão, Moro valeu-se da posição de magistrado para tornar públicos trechos da delação, que estava sob sigilo, de Antonio Palocci, criando mais um estardalhaço mediático, para beneficiar o candidato Bolsonaro.

A imprensa mundial também avalia que o juiz, ao aceitar ser ministro, demonstrou que a condenação de Lula e o seu impedimento de ser candidato tiveram como objetivo favorecer a oposição ao ex-presidente e ao PT.

O jornal El País assim afirmou: “Durante os quatro anos que durou a instrução, o juiz deu mostras claras em várias ocasiões de agir por motivações políticas, afetando o processo eleitoral”. O The Guardian declarou que Moro “ajudou a pavimentar o caminho para a vitória colossal de Bolsonaro ao prender o principal rival”. Já The New York Times disse que o juiz é visto “como um operador político que cumpriu a missão de políticos conservadores”. O Libération, ressaltou que “o juiz que derrubou Lula é condecorado por Bolsonaro” e mais: “Ele agarrou a bola com uma pressa ansiosa”.

A vaidade e a falta de imparcialidade do juiz que tentou encobrir com os discursos anticorrupção tornaram-se visíveis. O rei de Curitiba está nu, como estava nu o rei do conto Kejserens nye Klaeder, de Hans Christian Andersen. Se no conto o rei foi enganado pelo falso alfaiate que o convenceu a vestir uma roupa que só os inteligentes poderiam vê-la, no caso do juiz Moro ele foi enganado por si próprio: só ele não via ou não queria ver seu engajamento político contra Lula e o PT.

 

Adão José Peixoto
Professor UFG, Mestre em Filosofia e Doutor em Educação
O Popular 19/12/2108
Pág 02