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02 de May de 2019 | 20:12

Nota Pública CNTE

A morte do professor Júlio Cesar Barroso, dentro da escola onde lecionava, por tiros desferidos por um estudante de 17 anos, é a prova cabal da falência moral por qual passa o país. O crime ocorrido na última terça-feira, dia 30, dentro da Escola Estadual Céu Azul, de Valparaíso do Goiás, município goiano limítrofe do Distrito Federal, abala nossas esperanças em um mundo melhor, destroça nossos corações, esgarça nosso tecido social, fere na alma nossos melhores sonhos, mas não pode e nem deve nos tirar a convicção de que os problemas das escolas brasileiras são tão somente o reflexo do ambiente mais geral ao qual estamos inseridos.

O professor Júlio é mais uma vítima de um sistema escolar que não consegue se blindar dos graves problemas a que a educação está submetida. Não haverá segurança nas escolas enquanto acreditarmos no discurso bélico que o atual governo Bolsonaro insiste em propagar todos os dias, se não pela própria figura do presidente, pela expressiva maioria de seus membros de governo. O discurso de ódio propagado por este governo tem relação direta com o trágico acontecimento na escola de Valparaíso. O fomento à indústria armamentista feito pelo atual governo, somado ao discurso de incentivo ao armamento civil propalado a todo instante por seus diferentes membros, e até pelo presidente, não poderia gerar outra coisa senão esse tipo de tragédia.

Não podemos nunca naturalizar crimes dessa natureza! Achar que foi somente uma tragédia ou um incidente. Certamente foi uma tragédia sem proporções para a família do professor Júlio. Certamente foi uma tragédia que deixará marcas indeléveis aos seus dois filhos, que crescerão sem a figura de seu pai. Certamente foi uma tragédia para toda a comunidade escolar, em especial para o corpo de educadores daquela escola, que carregará por muito tempo esse trauma terrível de ter presenciado um crime abominável, praticado por um de seus estudantes, também vítima de todo esse sistema cruel.

Os/as educadores de todo o país se solidarizam com a família do professor Júlio e, junto com ela, chora nesse trágico momento. Pelo fim da cultura da violência e do discurso de ódio! Pelo controle rigoroso das armas em nosso país, retomando as ações do Estatuto do Desarmamento que, agora, estão sendo deliberadamente descartadas! Que a memória desse trágico acontecimento nos faça mais fortes para enfrentar os problemas de violência escolar em suas raízes. Professor Júlio, presente!     

 

Brasília, 02 de maio de 2019

Direção Executiva da CNTE

Fonte: CNTE