Comunicação

21 de November de 2014 | 15:28

A nós, filhos (as) de Zumbi e Dandara, resistência sempre!

O dia, a semana, o mês, o ano da consciência negra nasce de uma necessidade histórica de reparações para o povo negro. Dia 20, mais do que um dia de luta, é um dia de reflexão e ações que chamam à responsabilidade os entes públicos – em suas instâncias municipal, estadual e federal –, na criação, implantação e implementação de políticas públicas que garantam a nós, negros e negras, maioria da população brasileira, acesso aos direitos civis, assegurados na Constituição Federal.

Temos a nossa história e a nossa cultura renegadas, invisibilizadas e desvalorizadas. Por isso, neste dia 20, convoco toda a sociedade brasileira e, em especial, o cidadão e a cidadã goiano (a) a refletir sobre a perversidade do racismo que permeia nossas relações sociais. O ato de refletir já é um começo para mudar as práticas racistas que violentam diariamente as pessoas que carregam consigo a nossa ancestralidade que é africana e, não escravizada como querem nos impor. A escravização de seres humanos foi uma atitude violenta e desumana de arrancar o povo negro do continente de origem, para construir este país.

É preciso deixar explícito que há muito não reconhecemos a história única contada somente por colonizadores. Essa visão unilateral é a negação da nossa história de resistência. Por isso, conclamamos aos e as gestores (as) da secretaria de educação, tanto estadual quanto municipal, a implementarem e institucionalizarem a Lei 10.639/96 que altera a LDB, incluindo no dia a dia da escola o debate e o ensino da história e cultura africana e afrobrasileira, pois a mesma ainda depende de ações pontuais de trabalhadores (as) em educação que têm ao longo dos anos desenvolvido ações pedagógicas antirracistas.

A educação é o caminho que nós escolhemos para o enfrentamento das diferenças que geram desigualdades de oportunidades. Por isso, estamos sempre na luta por ressignificação de valores que tem como centro de valorização uma única matriz cultural. Portanto, acreditamos que o melhor caminho se faz por meio do conhecimento das leis, da coragem de denunciar, da coragem de punir e não deixar que os crimes de racimos prevaleçam. Mas para que tudo isso aconteça, precisamos dar visibilidade à nossa ancestralidade, reenergizar nossa resistência com a força de Zumbi – o grande líder – e a coragem de Dandara – no exemplo de mulher – e dizer, com todas as letras: Racismo é crime!

Denunciar é preciso!

Punir os racistas, também, é preciso!

Racismo é crime inafiançável como estabelece o Art. 5º, da Constituição Federal.

Portanto, vamos à luta!

Roseane Ramos

Professora, Psicóloga Educacional, Secretária de Igualdade Racial do Sintego, coordenadora do Fórum Permanente Educação e Diversidade Étnico-Racial de Goiás e coordenadora pedagógica do Centro de Referência Negra Lélia Gonzalez.




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