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17 de March de 2021 | 17:22

Escolas fechadas já! Administrativos/as da Rede Estadual de Educação pedem socorro

Goiás enfrenta o pior momento da pandemia. É de conhecimento de todos/as que os hospitais estão lotados, o setor funerário está em colapso. Como nunca visto antes, é necessário que a população compreenda e cumpra o isolamento social.

No entanto, administrativos/as da Rede Estadual de Educação de Goiás, continuam sendo convocados/as para o trabalho presencial, muitas vezes percorrendo o caminho em ônibus lotados e demorados. Os/as trabalhadores/as mantém as escolas abertas no atendimento aos/as estudantes, familiares e a comunidade local.

O SINTEGO tem, de forma insistente e incansável, cobrado a suspensão de todas as atividades presenciais na Rede, inclusive por meio de Mandado de Segurança. Sempre em diálogo com a categoria, ouvimos administrativos/as que já contraíram a COVID-19 e temem por suas vidas e de seus familiares, ao continuarem com escolas abertas.

Para a administrativa Fernanda*, que acredita ter contraído o vírus após aglomeração por conta da entrega de Kits Alimentação na Unidade Escolar, os dias com COVID-19 foram os piores da sua vida. "Estou entre os sobreviventes da doença. Foram quinze dias de internação e muita febre. O mais complicado foi o segundo dia: eu piorei e a febre não passava. A falta de ar estava mais forte. E a minha maior preocupação era com a minha família".

Fernanda enfrenta a realidade de muitos/as administrativos/as, de viver com pessoas do grupo de risco e sentir o receio de contaminá-los, por não poder cumprir o isolamento social. "Eu levei o vírus pra casa e infectei minha família toda, pai, mãe, filha pequena e meu esposo. Meu pai não resistiu, eu e minha mãe ficamos com sequelas, meu esposo e minha filha foram assintomáticos, tiveram anticorpos para matar a bactéria", relatou.

"Os administrativos estão enfrentando essa maldita doença, implorando, ligando do nosso celular para pais virem a unidade buscar kits alimentação. Cadê o Governador Ronaldo Caiado pra aderir o fechamento das unidades?", finalizou Fernanda, que retornou as atividades, mesmo ainda sentindo as sequelas da COVID-19.

Juliana*, administrativa da Rede Estadual, relatou que o atendimento nas escolas vai além da entrega dos kits. "Nós estamos trabalhando presencialmente desde o início da pandemia para entregar kit alimentação, kit uniforme, kit material, também entregamos atividades para os alunos. A gente recebe pais, alunos, toda a comunidade e não sabemos quem está infectado ou não. Desde matrícula, até o contato direto com os alunos, estamos fazendo todos os dias nas escolas", disse Juliana e demonstra sua indignação com o discurso que vê nas mídias: "O governador vai na mídia e diz que as escolas não estão funcionando, as escolas estão funcionando sim! A fala bonita do governador na televisão é para que todas as pessoas fiquem em casa, mas nós, que somos funcionários do Estado somos obrigados a ir à escola".

Juliana também contraiu o vírus "Na escola que eu trabalho a maioria dos funcionários já contraiu, inclusive eu. Mês passado eu contrai a COVID-19, contaminei meus familiares. Estamos trabalhando sem condições nenhuma porque nem o vale transporte é pago em dias", contou a funcionária.

A profissional finalizou com um questionamento à SEDUC e ao governador do Estado "A gente pega ônibus lotados pra ir trabalhar, sendo que é um momento mais crítico da pandemia. Se não é pra abrir as escolas, por que os administrativos podem? A vida do administrativo vale menos que a dos outros? A escola não é só formada de docentes, também é formada de administrativos, vigias, todos somos funcionários da Educação. Não está tendo aula presencial, mas está tendo atendimento presencial. Essa é a questão. Nós estamos lá, queremos trabalhar, mas em condições que podemos trabalhar com segurança!", falou Juliana.

Administrativos/as pedem socorro e cuidado por suas vidas. Os kits devem ser entregues aos/as estudantes, mas cabe à SEDUC também resguardar em totalidade a vida dos/as trabalhadores/as. Reiteramos a necessidade de respeitar as orientações das autoridades sanitárias – permanecer em casa - pois o isolamento social é a única medida eficaz contra a disseminação da Covid-19.

Cada vida importa!

#SINTEGOnaluta

*O nome das entrevistadas foi alterado para preservar sua identidade.