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13 de May de 2021 | 10:55

Chacina no Jacarezinho aponta para queima de arquivo e indica um Estado tomado progressivamente pelas milícias

Já se sabe a enorme chaga que o ataque policial na favela do Jacarezinho no Rio de Janeiro, que aconteceu no último dia 6 de maio, representou aos direitos humanos no Brasil. Identificada oficialmente como a chacina mais letal da história da cidade, já tão marcada por tragédias desse tipo, a chacina do Jacarezinho indica que aquela ação foi construída e deliberadamente orientada para acontecer da forma que aconteceu. A visita do Presidente da República na mesma semana na cidade do Rio de Janeiro, que se encontrou no dia anterior com o Governador do Estado, e a morte do policial no evento, justamente o inspetor André Leonardo de Mello Frias, levantam indícios de que, para além do ataque às vítimas, a operação pode ter tido algum outro objetivo escamoteado.

Notícias de jornais dão conta que o único policial morto na operação teve participação na apreensão de 117 fuzis em março de 2019, na casa de um amigo do policial militar Ronnie Lessa, vizinho do Presidente da República e apontado como um dos assassinos da ex-vereadora Marielle Franco. O policial morto no Jacarezinho tem sinais claros de execução: ao descer do veículo policial blindado conhecido como “Caveirão”, o inspetor André Frias, que tinha previsão de dar explicações no processo ainda aberto da apreensão das armas, levou um tiro na cabeça assim que saiu do veículo, sem chance de defesa. A polícia apenas informou que o tiro veio de arma de um traficante que estava na laje de um dos edifícios da favela.

Já reafirmamos em outras oportunidades que a violência policial no Brasil, e em especial no Rio de Janeiro, é resultado direto dos crimes da ditadura militar nunca apurados e punidos. Temos a polícia mais violenta do mundo, que gera no país um verdadeiro genocídio diário de nossos jovens negros e periféricos. Hoje, acrescente-se a isso, um processo de “miliciarização” de nossas polícias e, mais grave, uma progressiva e crescente tomada do nosso Estado Democrático de Direito por essas organizações criminosas. Sabemos da ligação histórica do atual ocupante da cadeira de presidente no Palácio do Planalto com essas milícias no Rio de Janeiro. E isso deve ser investigado agora nessa chacina.

Os/as educadores/as de todo o país se unem em solidariedade às vítimas desse verdadeiro atentado aos direitos humanos no Brasil. E apesar dos esforços do Governo do Estado do Rio de Janeiro, bem como do Governo Federal, em tentar criminalizar as vítimas, não estamos vivendo em um regime de barbárie que justifique esse tipo de conduta de nossas forças policiais. Nem com os piores bandidos! Queremos justiça e punição! Para que isso nunca mais ocorra!

Brasília, 11 de maio de 2021

Direção Executiva da CNTE