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16 de August de 2021 | 10:09

Plenária do Sintego demonstra unidade da categoria

O Sintego, comandado atualmente pela professora Bia de Lima, é o maior sindicato goiano, com cerca de 45 mil filiados e 32 anos de história. Com o tema Trabalho, luta e resistência da Educação na pandemia”, a Plenária realizada neste sábado (14) - que é a terceira maior instância decisória da entidade -, mostrou de forma inequívoca que a categoria está coesa na disposição de garantir direitos, preservar a vida e defender uma escola pública de qualidade.

“Temos de relembrar, com profunda tristeza e indignação, que mais de 200 trabalhadores/as da Educação perderam a vidas em consequência da pandemia da Covid-19”, salientou Bia, num discurso emocionado, logo no início do evento, realizado na sede do Sintego em Goiânia (GO) e através de uma plataforma tecnológica, durante todo este sábado.

Pandemia e sala de aula

A crise sanitária permeou boa parte dos debates. Afinal, em Goiás o governo de Ronaldo Caiado (DEM) decretou o retorno das aulas presenciais mesmo ante o fato de sermos o único Estado da Federação em que os casos de Covid e de óbitos continuam em ascensão.


“Milhares de pessoas morreram e ainda estão morrendo em função da irresponsabilidade do governo Jair Bolsonaro (ex-PSL), que aumentou a dimensão da tragédia por conta do seu negacionismo, pela insistência em referendar tratamentos comprovadamente ineficientes, por persistir em estimular aglomerações e principalmente pela demora na aquisição de vacinas, num processo que a Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) em andamento no Senado vem demonstrando como notoriamente criminoso”, salientou o deputado federal Rubens Otoni (PT-GO), que participou virtualmente da Plenária

Rubens Otoni destacou ainda que para além e antes mesmo da pandemia o Brasil enfrenta uma grave crise econômica, com quase 15 milhões de desempregados/as e inflação descontrolada. “A carestia trouxe de volta a fome e a miséria para o povo. Tudo isso leva a um descrédito generalizado da população com esse governo, que assiste sua rejeição aumentar exponencialmente a cada dia”, analisou o parlamentar.

Para Maria Izabel Azevedo Noronha, a Bebel, deputada estadual (PT-SP) e presidenta do Sindicato dos Professores do Ensino Oficial do Estado de São Paulo (Apeosp), a pandemia deixou claro para o povo brasileiro quem tem responsabilidade com vidas e quem não tem. “O presidente Jair Bolsonaro claramente não tem: atrasou a compra de vacina, o que resultou em mais de meio milhão de mortes”, criticou, na sua participação virtual na Plenária.


Bebel afirmou que todas as ações do governo Bolsonaro estão articuladas entre si. “A Reforma da Previdência foi na verdade o grande plano econômico deste governo, que sempre lança mão de cortinas de fumaça. Enquanto ela passava no Congresso, o País discutia a chamada Escola Sem Partido. Tivemos de recorrer ao Supremo Tribunal Federal (STF) para impedir esse absurdo, que já vinha sendo adotado por municípios bolsonaristas”, lembrou.

A sindicalista paulistana mostrou-se preocupada com a reforma do Ensino Médio planejada pelo governo Bolsonaro: “vai estabelecer claramente uma escola para os pobres e outra para os ricos” – alertou - e convocou os/as professores/as e administrativos/as goianos/as a ir para as ruas nesta quarta-feira (18) contra a Reforma Administrativa (PEC 32).

“Dia 18 de agosto vamos para a rua para impedir o desmonte do Serviço Público. Ela representa a desprofissionalização das carreiras dos/as servidores/as públicos/as. Os governos fazem má gestão e a culpa sempre recai sobre os/as trabalhadores/as”, lembrou. E fez um chamamento aos seus colegas goianos: “agora é preciso organizar a nossa base para ocupar as ruas, eleger Lula presidente, garantir bancadas estaduais e um Congresso Nacional mais progressista e com isso fortalecer de fato a democracia participativa”, provocou Bebel.

A colega goiana da parlamentar, deputada estadual Adriana Accorsi (PT-GO) parabenizou o Sintego por defender a vida ante a pandemia. “Já são mais de 21 mil mortes em Goiás e destas, cerca de 200 eram trabalhadores/as da Educação. Minha solidariedade a todos/as que perderam familiares e amigos nesse processo”, declarou.

Adriana lembrou que o governador Ronaldo Caiado é totalmente alinhado com o presidente Jair Bolsonaro. “Já que determinou o retorno presencial à sala de aula é preciso garantir pelo menos as duas doses de vacina aos/as profissionais da Educação”, defendeu, acrescentando que a crise econômica está muito séria em Goiás, um Estado rico. “A situação de insegurança alimentar aflige milhares de famílias”, relatou.

Aposentados/as

Um dos tópicos mais destacados nos debates da Plenária do Sintego foi a cobrança da contribuição previdenciária dos/as aposentados/as, instituída pela Reforma Administrativa de Caiado. “Precisamos revogar a cobrança da alíquota de 14,25% dos salários dos aposentados. Uma desumanidade. Gente que contribuiu a vida inteira!”, indignou-se Adriana.

A deputada petista goiana fez coro à sua colega paulistana: “Precisamos combater a PEC 32, que acaba com concurso público e permite a extinção de qualquer órgão público pelo governo federal, sem a necessidade de aprovação pelo Congresso Nacional. 

Chega de votar em quem não gosta de servidor público, em quem não gosta da Educação. Estamos num momento de luta e resistência. É hora de virar a mesa. Fora Bolsonaro!”, concluiu.
Bia de Lima informou que o Sintego está preparando um Manifesto que será assinado por todos/as os/as delegados/as da Plenária e para o qual serão coletadas assinaturas dos/as aposentados/as exigindo o fim da cobrança previdenciária de 14,25%. E avisa: “A Educação vai fazer de tudo para impedir a reeleição dos deputados que aprovaram essa maldade”.

Estratégias de luta

A Plenária do Sintego aprovou cerca de 40 estratégias de luta, a começar pela cobrança do piso e da data-base dos/as trabalhadores/as da Educação. “O salário da maioria dos/as professores/as e administrativos/as está congelado desde o final do governo de Marconi Perillo (PSDB), permanecendo assim n o governo Caiado, mesmo com o sindicato cobrando exaustivamente a recomposição salarial e a valorização dos/as profissionais”, destacou.

Os/as delegados/as da Plenária também se posicionaram em defesa da gestão democrática nas escolas, com eleição direta para diretores/as e conselhos escolares. Ocorre que primeiro semestre deste ano letivo findou o mandato dos/as diretores/as da rede estadual eleitos/as em 2018.

“A sua recondução ao cargo foi uma medida emergencial para garantir o funcionamento e a gestão das unidades escolares durante a pandemia, mas isso fez ressurgir a velha prática do apadrinhamento político das escolas. A gestão democrática nas unidades de ensino é uma conquista histórica do Sintego e não permitiremos que se torne letra morta”, salientou Bia de Lima.

A histórica Plenária foi encerrada com a eleição da Comissão Eleitoral que vai conduzir os trâmites da próxima eleição do sindicato, o que, conforme sua presidenta, deve acontecer ainda este ano, embora a entidade tenha autorização para manter a atual direção até julho de 2022. “Assim como defendemos a gestão democrática nas escolas públicas, o mesmo será garantido na nossa entidade. O Sintego sempre deu esse exemplo e se é possível voltar à sala de aula em plena pandemia, também poderemos realizar eleições, embora tomando todas as precauções que o governo estadual não se mostrou apto a fazer”, afirmou Bia de Lima.

 

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